E de repente a gente sentiu como o abraço faz falta, como o "oi tudo bem?", "como vai você?" faz falta, como conversar sem hora pra voltar faz falta, como os amigos fazem falta, como o trabalho faz falta, como faz falta ir na casa da sogra, da tia, do irmão faz falta, como se relacionar faz falta... E de repente a gente se deu conta que tecnologia nenhuma no mundo suprirá o toque, o sentir, o se envolver, o chorar junto, o rir junto, o se aproximar, o se apoiar, tecnologia nenhuma suprirá o buraco que a gente sente na alma quando a gente deixa de fazer o papel que nos foi concedido: o de ser humano...
Quanto menos a gente faz mais espaço sobra pra olharmos dentro da gente, o silêncio tem o poder de revelar nossos barulhos, e quando o mundo se silência o barulho do mundo vem à tona: os nossos piores e os nossos melhores... A falta de convívio vai mexer com os sentimentos mais primitivos que temos, tem hora que estaremos bem, outra hora ficaremos irritados, depois damos valor à vida e então ficamos em estado de contentamento e de repente o tédio vem, aí algo nos motivamos, e de repente a ansiedade bate a nossa porta, logo nos empolgamos nos distraímos com algo, e vamos ficando nessa montanha-russa de sentimentos... É normal sentir tudo isso, é humano, não nascemos para vivermos em nossas bolhas, entramos em uma forçados...
O direito de ir e vir que muitos não se davam conta agora anseiam como nunca, a liberdade é um bem, um direito precioso demais, e ela faz falta... Quando tudo isso voltar que a gente se lembre de não nos aprisionarmos em nada que nos tire a liberdade, porque ela não tem preço, que a gente faça aquilo que preencha nossos corações, que estejamos nas profissões que brilham nossos olhos, que estejamos em relacionamentos que palpitam nosso coração, que estejamos cercados dos amigos que realmente façam questão da nossa presença, que a gente se cuide e cuide do outro, que a gente não esqueça o quanto somos vulneráveis e o quanto é importante valorizar cada momento.
Que quando tudo isso passar, a gente não passe olhando nossa vida através das lentes dos celulares, e sim que a gente faça realmente parte da cena.
Carina Silva
@carinamelhoresempre
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