
Em homenagem a esses
profissionais, e para inspirar os que querem seguir essa carreira entrevistei a
nutricionista Nádia Isaac da Silva, que vem se dedicando ao estudo do impacto
dos alimentos no comportamento dos autistas.
Nádia é formada pela Pontifícia
Universidade Católica de Campinas, mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos
pela Escola Superior de Agricultura ”Luiz de Queiroz”/Universidade de São
Paulo- USP e atualmente doutoranda em Pesquisas Laboratoriais em Saúde Pública
pela Coordenadoria de Controle de Doenças do Estado de São Paulo-SP.
Melhore Sempre!: Quando decidiu
se tornar nutricionista e o que te inspirou a seguir essa profissão?
Nádia
Isaac: Eu sempre digo que a nutrição me escolheu. A história é
longa. Tomei a decisão de seguir o caminho da nutrição muito cedo, quando tinha
quinze anos. Após o término do primeiro grau, prestei o Vestibulinho na escola
técnica Trajano Camargo para o curso de Técnico em Nutrição e Dietética. Bom
naquela época o que me motivou a optar por esse curso foi a curiosidade, pois
nesse período o conhecimento sobre alimentação saudável e a profissão estava se
tornando popular, tudo era novo. Após o ingresso no curso técnico as
informações sobre alimentos e de como a alimentação pode ser um fator
determinante em nossa saúde me fascinaram. Antes de terminar o curso já sabia
que não queria ser apenas técnico e sim uma nutricionista.
Nádia:
Nutricionista é o profissional da saúde que através da alimentação equilibrada
pode prevenir várias doenças, transformar doença em saúde e principalmente
contribuir para a melhora da qualidade de vida, sem esquecer de que o hábito
alimentar envolve aspectos culturais os quais, devem ser respeitados e que a
alimentação deve ser um processo prazeroso.
MS!: Quais os maiores desafios
que você enfrentou na carreira, e quais são suas maiores motivações?
Nádia:
O primeiro desafio foi conquistar o primeiro emprego e o segundo foi optar por
uma mudança radical da área de atuação. Nos primeiros 7 anos de minha carreira trabalhei
como nutricionista em Unidades de Alimentação e Nutrição e também em
restaurante comercial, depois optei por retomar os estudos e me dedicar a
pesquisa sobre alimentação para o autismo e também a área clínica.
MS!: Nádia você se especializou
em Alimentos Funcionais e Alimentação
para Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, quando foi que começou
seu interesse principalmente pelo autismo e como foi isso?
Nádia:
Na graduação participei de um projeto de pesquisa sobre alimentação para o
autismo. Eu fiquei fascinada com a teoria de que alimentos podem modificar um
comportamento e também sobre o papel da nutrição para a melhora do quadro
clínico do autismo.
MS!: Em 2008 você iniciou a
pesquisa "Relação entre hábito alimentar
e síndrome do espectro autista" que trata da relação entre os
alimentos e o comportamento autista, poderia nos contar os fatores mais
relevantes encontrados após a pesquisa?
Nádia:
A pesquisa identificou no grupo de autistas grande prevalência de sintomas
gástricos; elevado consumo de calorias, proteína, carboidrato, vitaminas do
complexo B, ferro, zinco e cobre; baixo consumo de cálcio, fibra e ácido
ascórbico (vitamina C); indícios de alteração do metabolismo da creatina; e
desenvolvimento de pré-teste para análise de peptídeos opioides de origem
dietética em urina.
MS!: O que não deveria entrar
no cardápio de um autista? E o que você recomendaria aos pais de autistas como
alimentação para seus filhos?

Para os autistas que manifestam hiperatividade deve-se eliminar da
dieta alimentos estimulantes como: chá preto, café, chocolate, alimentos com
corante (gelatina, suco artificial, biscoito recheado, refrigerante…), alimento
com elevado teor de glutamato monossódico (temperos prontos, embutidos, refeições
prontas congeladas, salgadinhos, molhos...).
Pesquisas relatam que o consumo de suplementos dos ácidos graxos
eicosapentanóico (EPA) e o ácido docosaexanóico (DHA) da família ômega - 3 contribuem
para a melhora do quadro de déficit de atenção presente em autistas.
MS!: Como
foi para você conviver com essas famílias, qual a maior lição de vida que você
teve com elas?
Nádia:
Foi uma experiência única, muito profunda, acredito que isso que me faz
persistir na pesquisa sobre nutrição para o autismo. Eu posso dizer que aprendi muitas coisas, mas
a mais importante é de como o amor é persistente e transformador. Esses pais são
uma lição de dedicação, vivem todos os dias a busca para uma melhor qualidade
de vida para seus filhos, acreditam no potencial de seus filhos, eles são
heróis.
MS!: E para quem está começando
nessa carreira qual “conselho” você daria para essas pessoas?
Nádia:
Acho que o melhor conselho é nunca deixar de estudar, devido à intensidade de
pesquisas desenvolvidas a ciência da nutrição tornou-se muito dinâmica.
Nádia Isaac
da Silva - CRN:11113
e-mail: dii_isaac@yahoo.com.br
Parabéns a todos esses profissionais que contribuem para a qualidade de vida, prevenção de doenças, nos tornam sem dúvida pessoas mais saudáveis, e melhores!
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