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terça-feira, 2 de setembro de 2014

NUTRICIONISTA E A DEDICAÇÃO QUE VAI MUITO ALÉM DOS ALIMENTOS

No dia 31 de agosto comemoramos o Dia do Nutricionista, dia desses profissionais que vem ganhando cada vez mais espaço e respeito da sociedade, dada a preocupação crescente com a qualidade de vida, com a saúde, e até mesmo com a estética.
Em homenagem a esses profissionais, e para inspirar os que querem seguir essa carreira entrevistei a nutricionista Nádia Isaac da Silva, que vem se dedicando ao estudo do impacto dos alimentos no comportamento dos autistas.
Nádia é formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Escola Superior de Agricultura ”Luiz de Queiroz”/Universidade de São Paulo- USP e atualmente doutoranda em Pesquisas Laboratoriais em Saúde Pública pela Coordenadoria de Controle de Doenças do Estado de São Paulo-SP.


Melhore Sempre!: Quando decidiu se tornar nutricionista e o que te inspirou a seguir essa profissão?
Nádia Isaac: Eu sempre digo que a nutrição me escolheu.  A história é longa. Tomei a decisão de seguir o caminho da nutrição muito cedo, quando tinha quinze anos. Após o término do primeiro grau, prestei o Vestibulinho na escola técnica Trajano Camargo para o curso de Técnico em Nutrição e Dietética. Bom naquela época o que me motivou a optar por esse curso foi a curiosidade, pois nesse período o conhecimento sobre alimentação saudável e a profissão estava se tornando popular, tudo era novo. Após o ingresso no curso técnico as informações sobre alimentos e de como a alimentação pode ser um fator determinante em nossa saúde me fascinaram. Antes de terminar o curso já sabia que não queria ser apenas técnico e sim uma nutricionista.

MS!: O que é ser nutricionista para você?
Nádia: Nutricionista é o profissional da saúde que através da alimentação equilibrada pode prevenir várias doenças, transformar doença em saúde e principalmente contribuir para a melhora da qualidade de vida, sem esquecer de que o hábito alimentar envolve aspectos culturais os quais, devem ser respeitados e que a alimentação deve ser um processo prazeroso.

MS!: Quais os maiores desafios que você enfrentou na carreira, e quais são suas maiores motivações?
Nádia: O primeiro desafio foi conquistar o primeiro emprego e o segundo foi optar por uma mudança radical da área de atuação. Nos primeiros 7 anos de minha carreira trabalhei como nutricionista em Unidades de Alimentação e Nutrição e também em restaurante comercial, depois optei por retomar os estudos e me dedicar a pesquisa sobre alimentação para o autismo e também a área clínica.

MS!: Nádia você se especializou em Alimentos Funcionais e Alimentação para Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, quando foi que começou seu interesse principalmente pelo autismo e como foi isso?
Nádia: Na graduação participei de um projeto de pesquisa sobre alimentação para o autismo. Eu fiquei fascinada com a teoria de que alimentos podem modificar um comportamento e também sobre o papel da nutrição para a melhora do quadro clínico do autismo.

MS!: Em 2008 você iniciou a pesquisa "Relação entre hábito alimentar e síndrome do espectro autista" que trata da relação entre os alimentos e o comportamento autista, poderia nos contar os fatores mais relevantes encontrados após a pesquisa?
Nádia: A pesquisa identificou no grupo de autistas grande prevalência de sintomas gástricos; elevado consumo de calorias, proteína, carboidrato, vitaminas do complexo B, ferro, zinco e cobre; baixo consumo de cálcio, fibra e ácido ascórbico (vitamina C); indícios de alteração do metabolismo da creatina; e desenvolvimento de pré-teste para análise de peptídeos opioides de origem dietética em urina.

MS!: O que não deveria entrar no cardápio de um autista? E o que você recomendaria aos pais de autistas como alimentação para seus filhos?
Nádia: O leite e o trigo possuem proteínas, as quais, quando não digeridas de forma adequada se transformam em peptídeos (proteínas pequenas) que agem no cérebro como compostos opioides, estes compostos exercem papel específico nos processos neurais juntamente com uma série de outros neurotransmissores. Isso não ocorre com qualquer pessoa. Existem autistas que apresentam disfunções do trato digestório e por essa razão não conseguem fazer a digestão completa das proteínas do leite e do trigo produzindo assim os peptídeos opioides. Os pais que optarem por uma dieta isenta de leite e glúten devem procurar a orientação de um profissional nutricionista, pois essa dieta é muito restritiva. Se não for feita de forma adequada pode desencadear no autista quadro de baixo peso, alterações de estrutura óssea e deficiência de vários nutrientes.
Para os autistas que manifestam hiperatividade deve-se eliminar da dieta alimentos estimulantes como: chá preto, café, chocolate, alimentos com corante (gelatina, suco artificial, biscoito recheado, refrigerante…), alimento com elevado teor de glutamato monossódico (temperos prontos, embutidos, refeições prontas congeladas, salgadinhos, molhos...).
Pesquisas relatam que o consumo de suplementos dos ácidos graxos eicosapentanóico (EPA) e o ácido docosaexanóico (DHA) da família ômega - 3 contribuem para a melhora do quadro de déficit de atenção presente em autistas.

MS!: Como foi para você conviver com essas famílias, qual a maior lição de vida que você teve com elas?
Nádia: Foi uma experiência única, muito profunda, acredito que isso que me faz persistir na pesquisa sobre nutrição para o autismo.  Eu posso dizer que aprendi muitas coisas, mas a mais importante é de como o amor é persistente e transformador. Esses pais são uma lição de dedicação, vivem todos os dias a busca para uma melhor qualidade de vida para seus filhos, acreditam no potencial de seus filhos, eles são heróis.

MS!: E para quem está começando nessa carreira qual “conselho” você daria para essas pessoas?
Nádia: Acho que o melhor conselho é nunca deixar de estudar, devido à intensidade de pesquisas desenvolvidas a ciência da nutrição tornou-se muito dinâmica.

Nádia Isaac da Silva - CRN:11113
e-mail: dii_isaac@yahoo.com.br

Parabéns a todos esses profissionais que contribuem para a qualidade de vida, prevenção de doenças, nos tornam sem dúvida pessoas mais saudáveis, e melhores!

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