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terça-feira, 22 de setembro de 2020

A SABEDORIA DA MORTE

Tenho muita fé que não há fim, mas e se tiver já pensou a forma como está vivendo, já pensou a forma como está dividindo a jornada com os seus?

Certamente se fosse embora tão breve não estaria desperdiçando seu tempo falando mal do colega de trabalho, se irritando com pequenas bobagens, se importando com o que não agrega, e sim estaria se importando com quem e o que importa, estaria se importando em viver e não em desperdiçar sua existência...

Se a gente age como age mesmo sabendo que temos um prazo por aqui que não sabemos previamente qual é imagine se não os tivéssemos? Já percebeu quanta sabedoria há nos encerramentos, nos fechamentos de ciclos, na morte? E ela tenta diariamente nos ensinar sobre a vida e na nossa teimosia a gente insiste em não aprender...

Morrem ao seu lado, morrem 10, 20, 100.000, as estatísticas sobem, morrem de todas as formas, e a morte passa por nós e a gente banaliza como se ela nunca fosse chegar, até que ela chega até um ente querido, e nos devasta, e nos sucumbe, dilascera nossa alma, nos corrói, desorienta, mas aos poucos vamos retomando nossas vidas, respirando, enfrentando, mas dali a pouco estamos novamente brigando porque a tampa do vaso não foi abaixada, porque a toalha está molhada, porque o filho não é perfeito, porque a sogra é isso e aquilo, porque meu chefe não me valoriza, porque fulano pega no meu pé, porque a vizinha, porque o cachorro, porque o governo, e de repente voltamos ao ciclo vicioso de não nos importarmos com o que realmente importa...

Tem dúvidas do quanto a vida é ligeira pergunte a uma mãe que perdeu um filho recém-nascido, pergunte a uma filha que perdeu o pai, pergunte a uma noiva que estava com casamento marcado e perdeu o noivo na véspera, pergunte a quem perdeu um ente num acidente de trânsito, num infarto, ou num Natal, ela vem democrática como sempre foi, na casa do rico e do pobre, do preto e do branco, do hétero e do homossexual, do católico e do umbandista, do adolescente e do idoso, sem avisar, sem alardar, rasteira e perspicaz como ela é, e quando ela vem ela encontra gente se achando melhor que os outros, achando que sua cor é melhor, que sua religião é a mais correta, que sua orientação sexual é a que vale, que grande paradoxo é a morte e mais ainda a vida não?!

Que você escolha amar ao invés de julgar, escolha aprender, escolha renunciar se for preciso, escolha valorizar quem está perto, porque depois que se perde só ficam as lembranças, que você realmente não desperdice a vida com preconceitos, paradigmas, e principalmente com pequenas bobagens, afinal na sala de UTI de pacientes terminais ninguém pede um carro zero, ninguém se acha o mais sábio, ninguém lembra da orientação sexual e do partido político, todos lembram do quanto deixou de abraçar, falar do quanto se importava, fazer o que gosta, e de realmente amar quem estava por perto.

Que você viva sem arrependimentos, e você realmente viva!

Carina Silva

@carinamelhoresempre



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