Para falar sobre casamento gay e ter propriedade para isso no mínimo você tem que ser gay, para criticar e encher as redes de preconceito barato é muito fácil, é muito cômodo da onde estamos julgarmos a vida das pessoas, julgarmos o que é certo ou errado, mas ninguém se coloca realmente no lugar delas. Ninguém pára realmente e pergunta para um homossexual o que é ter que reprimir seus sentimentos, o que é viver se escondendo, o que é viver sendo recriminado, o que é ter vergonha de si mesmo quando toda uma sociedade lhe julga ser doente, ser bizarro pela sua opção de vida.
É muito fácil olharmos para uma lei sendo aprovada e criticarmos nós tendo todos os direitos possíveis, de casar, de adotar, de ter nossos bens divididos como quisermos, de ter proteções sejam elas quais forem, termos todos esses direitos sendo abastados pelas sanções sociais é completamente cômodo. Agora se coloque na situação de uma pessoa que não pode ser quem ela é?
Já amou alguém e não foi correspondido? Já teve que trabalhar por dinheiro numa profissão que não lhe satisfazia? Já teve que cumprir ordens da qual não concordava? Já teve que abrir mão dos seus sonhos das suas vontades para entrar no padrão social? Se você passou por alguma dessas situações e tantas outras na qual nos abdicamos da nossa identidade você parcialmente entenderá o que passa uma pessoa que vive com uma arma apontada na cabeça sendo o tempo todo recriminada pela sociedade: se você for quem você é eu te mato, te mato com palavras, com insultos, com deboches, com preconceito, com difamação, mato seu direito de se expressar, seu direito de ser pai, mãe, seu direito de casar, mato seu direito de viver como você é.
É lamentável nos preocuparmos tanto e queremos ditar como as pessoas devem viver e ser, se cada um olhar para si, se cada um olhar para sua casa, para sua família, para o seu trabalho, vai enxergar uma infinidade de coisas a melhorar, a evoluir, a progredir, e mesmo com tantos afazeres pessoais, vivemos cuidando da vida dos outros, nos preocupando com os outros, porque não cada um garantir que sua casa seja o mais abençoada possível, que seu trabalho seja o mais digno possível, que sua pessoa seja a mais evoluída possível.
Como anda a educação que você da para o seu filho, o amor, como anda a sua relação, tem milhares de pessoas criticando os relacionamentos homossexuais quando os seus próprios relacionamentos são uma catástrofe, muitos alicerçados por mentira, por dinheiro, por traição. Você poderia ter o melhor casamento possível, os melhores filhos possível, a melhor casa, o melhor trabalho, e mesmo assim isso ainda não lhe daria o direito de ditar como outro ser seja ele gay, hétero, ou o que for deve ser.
Vamos amar mais, e fazermos das nossas vidas as melhores possíveis, se cada um cuidar em garantir isso teremos um mundo justo, pacífico, e que respeita a diversidade independente do que julgamos ser certo ou não.
Mais amor por favor!
(Carina Silva)
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